sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

                                                   Talvez tenha sido o fim (...)

Tenho, duma vez por todas, que assumir que o meu sonho acabou. Amanhã, acordo e começo a mentalizar-me que a minha vida continua sem ele e que vai correr tudo bem. Mas, hoje, só quero dormir, esquecer a dor e limpar o coração. Isto não é viver e eu tenho que continuar viva, inventar uma vontade que não tenho e obedecer-lhe cegamente. Talvez nem seja assim tão difícil. Quando se continua vivo depois de morrer, é fácil ser-se obediente. Eu senti-me uma inútil, preenchida pelo arrependimento de ter lido no ecrã do computador ''segue a tua vida que eu sigo a minha'',  coberta pelo choque, e quando realmente me convenci de que realmente te tinha perdido, afoguei-me no enorme vazio que sentia, e que doía mais que qualquer outra coisa. só de pensar que poderia ter feito parte dos momentos mais felizes da tua vida, e que essa oportunidade se desvaneceu do nada, causava uma explosão de lágrimas que lavava a minha cara. agora, penso no que será de mim, pergunto-me se esta dor será para sempre, só me consigo imaginar a ver fotografias tuas, tocar e cheirar roupas que em mim tocaste, apertar com força aquele peluche que me ofereceste no natal de 2007 (…) perdi o rumo, e vou conforme o vento sopra, sinto-me rasgada, despedaçada, perdida nas memórias que me esforço por ver e rever, para nunca as esquecer, sinto-me dominada pela cruel verdade de que nunca mais te terei a meu lado, eu olho para fotos tuas, fixo-me nos teus olhos, que parecem ser um poço sem fim de brilho e pureza, oiço o teu cabelo acompanhar o suave e quase imperceptível toque do vento, o nosso ritmo cardíaco esta desencontrado, e com os meus olhos fixos em ti e os meus ouvidos concentrados no que quer que estejas a dizer, percebo, finalmente, que te amo, e que nós nunca iremos ter um fim, mesmo que o «nós» seja um complexo de duas pessoas separadas por milhares de km preenchidos pela saudade, porque eu sempre vivi na esperança de que o amor é superior a tudo. É preciso saber viver o amor, esquecer mágoas e matar inseguranças e acreditar que vale a pena amar alguém, que vale a pena partilhar o nosso amor, mesmo que quem o recebe não saiba abrir as mãos para o agarrar.